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quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

25 de dezembro: Natal?

Ainda falando sobre o Natal, vamos agora fazer uma pequena viajem na história, vamos voltar aos primeiros séculos da Era Cristã e ver como tudo começou, como e porque o Natal começou (e o Cristianismo também). Por isso vamos começar falando dos primeiros cristãos.

Os primeiros cristãos e as primeiras perseguições.

No início o Cristianismo era visto como uma seita surgida do judaísmo, pois partilhava dos mesmo textos sagrados (o Tanakh ou Antigo Testamento), mas juntamente com isso eles seguiam Jesus Cristo, um judeu que começou a ensinar uma nova doutrina e afirmava ser o Messias esperado, o filho de Davi, além de ser considerado pelo Império Romano como um perturbador da ordem.

Nesse primeiro século os cristãos sofreram dura perseguição, visto pelos intelectuais romanos (Gaio Suetônio Tranquilo (70-140 c.)) como magos e feiticeiros que utilizavam de magia para enganar o povo.

A primeira grande perseguição aos cristão aconteceu sob o reinado de Nero Cláudio César Augusto Germânico ou Nero Claudius Cæsar Augustus Germanicus (37-68) é nesse época é que os apóstolos Pedro e Paulo foram torturados e assassinados, o primeiro crucificado no muro central do Circo de Nero e o segundo, por ser cidadão Romano, decapitado na Via Ostiense (caminho que ligava Roma à Ostia, cidade costeira durante o Império Romano). César acusou os cristão e judeus de terem incendiado Roma.

Já no domínio do imperador Titus Flavius Domitianus (51–96) os cristão eram acusados de ateísmo (doutrina que consiste na negação da existência de Deus) mas isto justamente por eles não cultuarem Domiciano.

Mas apesar disso o Cristianismo começou a crescer e alguns dos possíveis fatores para isso são: a mensagem da salvação era universal e não fazia acepção de nacionalidade, envolvia todas as camadas sociais incluindo os mais pobres, era uma mensagem de paz em uma época envolta em conflitos e dominação romana e o mais importante, o amor com que seus adeptos divulgavam a mensagem de Jesus.

Esse crescimento trouxe medo a Roma pois começou a abalar a religião do Império e a interferir no culto romano.

Culto Romano e perseguição cristã

A religião romana era politeísta e foi formada da agregação de várias religiões entre elas a grega, etrusca e orientais. A religião oficial prestava culto aos deuses de origem grega, mas com seus nomes latinos (em outras palavras, com os nomes em latim não em grego), por exemplo Saturno para os romanos era o equivalente ao Cronos dos gregos.

Mas com o surgimento do Cristianismo isso estava se revertendo, o que era considerado um perigo para a hegemonia romana. Plínio, jovem que havia sido enviado a Bitínia manda uma carta ao imperador Marco Úlpio Nerva Trajano, em latim Marcus Ulpius Traianus (28 de Janeiro de 98 a 7 de Agosto de 117) perguntando o que devia ser feito aos cristãos, a resposta do imperador foi breve, ele disse “Os cristãos não devem ser perseguidos por ofício. Sendo, porém, denunciados e reconhecidos culpados, é preciso condená-los” e continua “Não é lícito ser cristão”. E o principal era o fato de que os cristãos não compravam imagens, que era fonte de renda de parte da população, nem adoravam o imperador.

Mas apesar de várias tentativas de sufocar o crescimento dos cristãos em 303 d.C. o seu número já chegava a 15 milhões (25% da população) e sofreu a sua última grande perseguição empreendida por Diocleciano (Caio Aurélio Valério Diocleciano 236-305 d.C.)

Cristianismo e Império

Foi Flavius Valerius Constantinus ou Constantino I (272 -337) o primeiro imperador romano a permitir o cristianismo, após ter vencido a Batalha da Ponte Mílvio, atribuída ao Deus cristão que ele diz ter sonhado um dia antes da batalha, o sonho mostrava uma cruz em que estava escrito “In Hoc Signo Vinces” ("sob este símbolo vencerás"), na manhã seguinte mandou pintar uma cruz nos escudos dos soldados e obteve a vitória.

Constantino havia apoiado grandemente o cristianismo, mas não o havia feito religião oficial do estado e também não havia desaprovado o paganismo. Constantino não se tornou cristão pois um dos seus cargos que ele usou até o dia anterior de sua morte era o de Sumo Pontífice da religião pagã e neste dia participou de um sacrifício a Zeus, senhor do céu e deus grego supremo. Outro detalhe é que em suas moedas sempre figurava o símbolo principal do deus Sol (um sol).

Mas foi Teodósio I (379-395) o que oficializou o Cristianismo como religião de Roma. É nesse ínterim que estamos interessados. Para que mais pessoas fossem alcançadas e para não haver uma divisão no império algumas práticas pagãs foram incorporadas ao culto Cristão. E uma delas se refere ao dia 25 de dezembro.

O dia 25 é conhecido por ser “o solstício de inverno, o menor dia do ano, a partir de quando a duração do dia começa a crescer, simbolizava o início da vitória da luz sobre a escuridão.” Essa data foi instituída para o nascimento de Cristo pelo Papa Libério, no ano 354 d.C. O dia já era comemorado por outras religiões como a romana que comemorava o Deus Sol Invicto (ou Deus Sol Invictus, o mesmo do imperador Constatino) que tinha as mesmas características do deus persa Mitra (Sol da virtude), que haveria nascido neste mesmo dia (A Mãe Terra dá à luz a "criança Sol", que viria para anunciar um novo tempo). A idéia da igreja era cristianizar as festas pagãs (assim como fizeram no Brasil com as divindades africanas) e para isso ela fez uma relação entre estas datas e entre o Sol Invictus / Sol da virtude ao Sol da justiça (Ml 4:2). Havia também as Saturnálias que eram as festas em homenagem ao deus Saturno que duravam 5 dias a partir do dia 17 de dezembro e onde era um período de confraternização e troca de presentes.

Hoje maioria dos estudiosos consideram que Jesus não poderia haver nascido neste dia por ser um mês extremamente frio e chuvoso e o relato bíblico de Lucas afirma que haviam pastores no campo a noite cuidando das ovelhas. Como isso seria possível numa época que mal podia ficar do lado de fora devido ao frio? Veja quadro abaixo:

Previsão do tempo (Jerusalém)

Data

Temperatura

16/12

8°C 17°C

17/12

8°C 14°C

18/12

9°C 16°C

19/12

9°C 15°C

20/12

8°C 15°C

Fontes:

Wikipédia, a enciclopédia livre.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cristianismo

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Cristianismo

http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o_na_Roma_Antiga

http://pt.wikipedia.org/wiki/Diocleciano

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ostia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Porta_S%C3%A3o_Paulo

http://pt.wikipedia.org/wiki/Constantino_I

http://pt.wikipedia.org/wiki/Zeus

http://pt.wikipedia.org/wiki/Solst%C3%ADcio

http://pt.wikipedia.org/wiki/Natal

http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Romano

Historia Universal

http://www.uv.es/~ivorra/historia/imperio_romano/sigloiia.htm

http://www.catacombe.roma.it/br/ricerche/ricerca2.html

Dicionários-Online.com

http://www.dicionarios-online.com/

Priberam

http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx?pal=ate%EDsmo

terça-feira, 27 de novembro de 2007

O significado do Natal

Hoje em dia algumas datas perderam seu significado principal ou original, e uma delas, infelizmente, tem sido o Natal.

Quando vai chegando essa época do ano as pessoas vão tirando suas economias para a compra de presentes para seus familiares e amigos, as mães vão dizendo (ou melhor iludindo) seus filhos com histórias de papai Noel, montam-se árvores, guirlandas, ceia, peru, viagem, etc, tudo tem de ser planejado, mas e o Natal, onde entra nessa história e o verdadeiro significado dele será que realmente está sendo comemorado?


Natal” é uma palavra comum e de significado simples, vem do latim “natale” que é “relativo ao nascimento” como podemos perceber do tratamento dado a mulher antes do parto: o “pré-natal”. Se natal é relativo ao nascimento, de quem é o nascimento? Vamos ao inglês: “Merry Christmas”. Diferente do português essa expressão fala mais sobre a data. “Merry” significa “Full of high-spirited gaiety; jolly” já “Christmas” é a junção de duas palavras “Christ” e “Mas” que significam respectivamente Cristo e “mas” é relativo à celebração religiosa é daí que vem a palavra “missa”. Ao pé da letra ficaria algo como “Feliz Celebração a Cristo” ou algo assim.

Correto, vamos celebrar o nascimento de Cristo, mas o que isso significa para você, para mim e para toda a humanidade?

O nascimento de Cristo vem sendo algo esperado a milênios pelos judeus e anunciada na Tanakh ou Tanach (equivalente ao Antigo Testamento cristão) desde o primeiro livro o Bereshit (livro de Genesis) quando diz que a “semente” da mulher vai pisar a cabeça da serpente (Gn 3:15).

O significado da sua vinda pode ser vista pela passagem de Is 7:14 “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel”. Emanuel significa “Deus conosco” isso nos fala que Deus veio até nós, seu nascimento é justamente esse maravilhoso fato, Deus habitando conosco. Jesus veio para os “seus” e eles não o receberam, mas a todos os que o receberem deu o direito de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome (Jo 1:11-12).

E você? Está deixando Deus habitar na sua vida? Você recebeu Jesus ou está esperando papai Noel? Este Natal você está preocupado em tão preocupado em receber tanta gente e está deixando o nosso Senhor em segundo ou terceiro plano?

O Natal meus amados antes de uma confraternização entre irmãos é uma celebração que comemora o Emanuel, o Deus conosco, que nos ajuda, nos cura, alegra, ampara, aconselha e principalmente nos salva. E se em você ainda não aconteceu o genuíno Natal, aconselho abra a porta do teu coração e ele verdadeiramente irá habitar convosco (Ap 3:20).


Que Deus os Abençoe.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Dicas de Saúde - Alimentação de crianças (a pedido)

A alimentação e a nutrição adequadas são requisitos essenciais para o crescimento e desenvolvimento das crianças. Mais do que isso: são direitos humanos fundamentais, pois representam a base da própria vida. Conheça os dez passos da alimentação saudável para crianças brasileiras menores de dois anos:

-Passo 1:

dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos;

-Passo 2:

a partir dos seis meses, oferecer de forma lenta e gradual, outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais;

-Passo 3:

a partir dos seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes) três vezes ao dia se a criança receber leite materno e cinco vezes ao dia, se já tiver desmamado;

-Passo 4:

a alimentação complementar deve ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança;

- Passo 5:

a alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; deve começar com consistência pastosa (papas, purês) e, gradativamente, deve ter sua consistência aumentada, até chegar à alimentação da família;

-Passo 6:

oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida;

-Passo 7:

estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições;

-Passo 8:

evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação;

-Passo 9:

cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação adequados;

-Passo 10:

estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.

Fonte: Ministério da Saúde.
http://bvsms.saude.gov.br/html/pt/dicas/91alimenta_crianca.html

O que nós esquecemos diz mais do que o que nós lembramos (um caso de Freud)

No verão passado - também durante uma viagem de férias -. renovei meu contato com um jovem de formação acadêmica, que logo constatei estar familiarizado com algumas de minhas publicações psicológicas. Nossa conversa recaiu - já não me lembro como - sobre a situação social da raça a que ambos pertencemos, e ele, impelido pela ambição, passou a lamentar-se por sua geração estar condenada à atrofia (segundo sua expressão), não podendo desenvolver seus talentos ou satisfazer suas necessidades. Concluiu seu discurso, de tom apaixonado, com o célebre verso de Virgílio em que a infeliz Dido confia à posteridade sua vingança de Enéias: “Exoriare…” Melhor dizendo, ele quis concluí-lo desse modo, pois não conseguiu fazer a citação e tentou esconder uma evidente lacuna em sua lembrança trocando a ordem das palavras: “Exoriar(e) ex nostris ossibus ultor.’’ Por fim, disse, irritado: “Por favor, não me faça essa cara tão zombeteira, como se se estivesse comprazendo com meu embaraço, mas antes me ajude! Falta alguma coisa no verso. Como é mesmo que diz, completo?”

“Ajudarei com prazer”, respondi, e dei-lhe a citação correta: “Exoriar(e) ALIQUIS nostris ex ossibus ultor.”

“Que tolice, esquecer essa palavra! Por falar nisso, o senhor diz que nunca se esquece nada sem uma razão. Gostaria muito de saber como foi que esqueci esse pronome indefinido, ‘aliquis‘.”

Aceitei o desafio prontamente, na esperança de conseguir uma contribuição para minha coleção. Disse-lhe, pois:

-Isso não nos deve tomar muito tempo. Só tenho que lhe pedir que me diga, sinceramente e sem nenhuma crítica, tudo o que lhe ocorre enquanto estiver dirigindo, sem nenhuma intenção definida, sua atenção para a palavra esquecida.

-“Certo; então me ocorre a idéia ridícula de dividir a palavra assim: a e liquis.”

-O que quer dizer isso?

-“Não sei.” - E o que mais lhe ocorre? - “Isso continua assim: Reliquien [relíquias], liquefazer, fluidez, fluido. O senhor já descobriu alguma coisa?”

-Não, ainda não. Mas continue.

-“Estou pensando” - prosseguiu ele com um sorriso irônico - “em Simão de Trento, cujas relíquias vi há dois anos numa igreja de Trento. Estou pensando na acusação de sacrifícios de sangue que agora está sendo lançada de novo contra os judeus, e no livro de Kleinpaul [1892], que vê em todas essas supostas vítimas reencarnações, reedições, por assim dizer, do Salvador.”

-Essa idéia não está inteiramente desligada do tema de nossa conversa antes que lhe escapasse da memória a palavra latina.

-“Exato. Estou pensando ainda num artigo que li recentemente num jornal italiano. Acho que o título era ‘O que diz Santo Agostinho sobre as mulheres’. Que entende o senhor com isso?”

-Estou esperando.

-“Pois agora vem algo que por certo não tem nenhuma ligação com o nosso tema.”

-Por favor, peço-lhe que se abstenha de qualquer crítica e…

-“Sim, já sei. Lembro-me de um magnífico senhor idoso que encontrei numa de minhas viagens na semana passada. Ele era realmente original. Parecia uma enorme ave de rapina. Chamava-se Benedito, se isso lhe interessa.”

-Bem, pelo menos temos uma seqüência de santos e padres da Igreja: São Simão, Santo Agostinho, São Benedito. Acho que havia um padre da Igreja chamado Orígenes. Além disso, três desses nomes são também prenomes, como Paul [Paulo] em Kleinpaul.

-“Agora o que me ocorre é São Januário e o milagre de seu sangue - parece que meus pensamentos avançam mecanicamente.”

-Deixe estar; São Januário e Santo Agostinho têm a ver, ambos, com o calendário. Mas que tal me ajudar a lembrar do milagre do sangue?

-“O senhor com certeza já ouviu falar nisso! O sangue de São Januário fica guardado num pequeno frasco, numa igreja de Nápoles, e num determinado dia santo ele se liquefaz milagrosamente. O povo dá muita importância a esse milagre e fica muito agitado quando há algum atraso, como aconteceu, certa vez, na época em que os franceses ocupavam a cidade. Então, o general comandante - ou será que estou enganado? será que foi Garibaldi? - chamou o padre de lado e, com um gesto inequívoco na direção dos soldados a postos do lado de fora, deu-lhe a entender que esperava que o milagre acontecesse bem depressa. E, de fato, o milagre ocorreu…”

-Bem, continue. Por que está hesitando?

-“É que agora realmente me ocorreu uma coisa… mas é íntima demais para ser comunicada… Além disso, não vejo nenhuma ligação nem qualquer necessidade de contá-lo”.

-Pode deixar a ligação por minha conta. É claro que não posso forçá-lo a falar sobre uma coisa que lhe seja desagradável; mas então não queira saber de mim como foi que se esqueceu da palavra aliquis.

-“Realmente? O senhor acha? Pois bem, é que de repente pensei numa dama de quem eu poderia receber uma notícia que seria bastante desagradável para nós dois.”

-Que as regras dela não vieram?

-“Como conseguiu adivinhar isso?”

-Já não é difícil. Você preparou bem o terreno. Pense nos santos do calendário, no sangue que começa a fluir num dia determinado, na perturbação quando esse acontecimento não se dá, na clara ameaça de que o milagre tem que se realizar, se não… Na verdade, você usou o milagre de São Januário para criar uma esplêndida alusão às regras das mulheres.

-“Sem me dar conta disso. E o senhor realmente acha que foi essa expectativa angustiada que me deixou impossibilitado de reproduzir uma palavra tão insignificante como aliquis?”

-Parece-me inegável. Basta lembrar sua divisão em a-liquis, e suas associações: relíquias, liquefazer, fluido. São Simão foi sacrificado quando criança; devo continuar, e mostrar como ele entra nesse contexto? O senhor pensou nele partindo do tema das relíquias.

-‘’Não, prefiro que não faça isso. Espero que o senhor não leve muito a sério esses meus pensamentos, se é que realmente os tive. Em troca, quero confessar que a dama é italiana e que estive em Nápoles com ela. Mas será que tudo isso não é apenas obra do acaso?”

-Tenho que deixar a seu critério decidir se todas essas relações podem ser explicadas pela suposição de que são obra do acaso. Posso dizer-lhe, no entanto, que qualquer caso semelhante que você queira analisar irá levá-lo a “acasos” igualmente notáveis.

A situação dever ser interpretada da seguinte maneira: o falante vinha deplorando o fato de a geração atual de seu povo estar privada de seus plenos direitos; uma nova geração - profetizou ele, como Dido - haveria de vingar-se dos opressores. Nisso ele expressara seu desejo de ter descendentes. Nesse momento intrometeu-se um pensamento contraditório: “Você realmente deseja descendentes com tanta intensidade? Isso não é verdade. Quanto não lhe seria embaraçoso receber agora a notícia de que espera descen-dentes do lugar que você sabe? Não: nada de descendentes… por mais que precisemos deles para a vingança.”

Fonte:
Obras Completas Sigmund Freud: Edição Standard. Vol. VI - Sobre a psicopatologia da vida cotidiana

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

A Morte...

Hoje tocaremos num assunto um tanto delicado, a morte, mas não vamos ver teorias, filosofias ou qualquer coisa do tipo, serão textos bem interessantes. Leiam e confiram.

II Timóteo 4:6-8
6 Quanto a mim, já estou sendo derramado como libação, e o tempo da minha partida está próximo.
7 Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
8 Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.


~

A morte de Ivan Ilitch

"Era no fim do terceiro dia, duas horas antes da sua morte. Precisamente nesse momento o menino entrou devagarinho no quarto e foi até junto da cama. O moribundo ainda gritava desesperadamente e sacudia as mãos. A sua mão caiu na cabeça do menino e o menino agarrou-a, levou-a aos lábios e começou a chorar.

Nesse instante, precisamente, Ivan Ilitch sentiu-se cair, viu a luz no fundo do negro saco e foi-lhe revelado que, embora sua vida não fosse o que poderia ter sido, ainda podia ser retificada. Pensou: "Isso, que é?" E ficou em silêncio, apurando o ouvido. Então sentiu que alguém lhe beijava a mão. Abriu os olhos, viu o filho e teve pena dele. A mulher veio até ele; olhou-a um instante. Ela o olhava, num desespero, boca aberta, lágrimas quentes no nariz e na face e um olhar dramático. Teve pena dela também.

"Sim, estou a atormentá-los", pensou. "Eles lamentarão, mas será melhor para eles quando eu morrer." Queria dizer isso, mas não teve forças. "Além disso, para que falar? Devo agir", pensou. Com um olhar à mulher, apontou o filho e disse: "Leve-o... Tenho pena dele... tenho pena de você também..." Tentou acrescentar: "Desculpe", mas disse: "Descanse", e fez um aceno, sabendo que Aquele cuja compreensão importaria iria compreender.

De repente sentiu muito vivamente que o que o atormentava e oprimia ia se dissipando, deixava-o por ambos os lados, por dez lados, por todos os lados. Tinha pena deles, devia agir de modo a não feri-los: descançá-los e libertar-se desse sofrimento. “Como é bom, como é simples!”, pensou. “E a dor?”, perguntou. “Que fim levou? Onde estás, dor?”

Prestou atenção à dor.

“Bem, aqui está. E agora? Deixe a dor doer.”

“E a morte... Onde está?”

Procurou o temor cotidiano da morte e não o encontrou. “Onde esta'? Que morte?” Não havia temor, porque não havia morte.
Em lugar da morte havia luz.

- Então era isto! – exclamou de repente, em voz alta. – Que alegria!

Para ele tudo acontecera num instante, e o sentido desse instante não mudou. Para os presentes a sua agonia continuou por mais duas horas. Algumas coisa roncava no seu peito, o corpo escarnado estremeceu. Depois, pouco a pouco, os estremecimentos e os estertores rarearam.

- Acabou! – disse alguém perto dele.

Ele ouviu esta palavra e repetiu-a na sua alma. “Acabou a Morte”, pensou “A Morte já não existe!”

Aspirou profundamente, interrompeu a respiração, inteiriçou-se e morreu."


Fontes:
Parte digitado por mim, parte copiado do blog de Fabio Ricardo R. Brasilino.
http://fabiobrasilino.zip.net/
Tolstoi, Leão. A morte de Ivan Ilitch, tradução de Carlos Lacerda. Lacerda Editores.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Psicologia e comportamento humano.

O que nos guia a tomar determinadas atitudes, o que está por trás de nossas decisões diárias?
É sobre esse interessante e complexo assunto que hoje leremos. Trarei alguns textos que nos trazem à luz algunas dessas motivações. Espero que gostem.

Comecemos com a Bíblia e sobre a constante batalha entre o espírito e a carne, nossos desejos espirituais e materiais.

Gálatas 5: 17
"Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis."

Romanos 7:21-24
21 Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.
22 Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;
23 Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.
24 Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?


Sabemos que um dos motivos que nos leva a tomar decisões é a necessidade, Maslow organizou essas necessidades em uma pirâmide, veremos a ordem em que ele ordenou essas necessidades e o significado de cada uma.



Maslow define um conjunto de cinco necessidades:
  1. necessidades fisiológicas (básicas), tais como a fome, a sede, o sono, a excreção, o abrigo;
  2. necessidades de segurança, que vão da simples necessidade de sentir-se seguro dentro de uma casa a formas mais elaboradas de segurança como um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida;
  3. necessidades sociais ou de amor, afeto, afeição e sentimentos tais como os de pertencer a um grupo ou fazer parte de um clube;
  4. necessidades de estima, que passam por duas vertentes, o reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos outros face à nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos;
  5. necessidades de auto-realização, em que o indivíduo procura tornar-se aquilo que ele pode ser: "What humans can be, they must be: they must be true to their own nature!". ("O que os seres humanos podem ser, eles devem ser: eles devem ser fiéis à sua própria natureza")
É neste último patamar da pirâmide que Maslow considera que a pessoa tem que ser coerente com aquilo que é na realidade "...temos de ser tudo o que somos capazes de ser, desenvolver os nossos potenciais".
Entretanto existem várias criticas a sua teoria, a principal delas é que é possivel uma pessoa estar auto-realizada, contudo não conseguir uma total satisfação de suas necessidade fisiológicas.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A Maioridade Penal: por que não reduzir?

Hoje em dia ouvi-se muito que se deve reduzir a maioridade penal para que os jovens criminosos possam pagar como adulto por seus atos, vemos abaixo um manifesto assinado por 18 Associações brasileiras de psicologia que nos mostra o por que de não reduzir a maioridade:

Conheça as 10 razões da Psicologia contra a redução da maioridade penal:

1. A adolescência é uma das fases do desenvolvimento dos indivíduos e, por ser um período de grandes transformações, deve ser pensada pela perspectiva educativa. O desafio da sociedade é educar seus jovens, permitindo um desenvolvimento adequado tanto do ponto de vista emocional e social quanto físico;

2. É urgente garantir o tempo social de infância e juventude, com escola de qualidade, visando condições aos jovens para o exercício e vivência de cidadania, que permitirão a construção dos papéis sociais para a constituição da própria sociedade;

3. A adolescência é momento de passagem da infância para a vida adulta. A inserção do jovem no mundo adulto prevê, em nossa sociedade, ações que assegurem este ingresso, de modo a oferecer – lhe as condições sociais e legais, bem como as capacidades educacionais e emocionais necessárias. É preciso garantir essas condições para todos os adolescentes;

4. A adolescência é momento importante na construção de um projeto de vida adulta. Toda atuação da sociedade voltada para esta fase deve ser guiada pela perspectiva de orientação. Um projeto de vida não se constrói com segregação e, sim, pela orientação escolar e profissional ao longo da vida no sistema de educação e trabalho;

5. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) propõe responsabilização do adolescente que comete ato infracional com aplicação de medidas socioeducativas. O ECA não propõe impunidade. É adequado, do ponto de vista da Psicologia, uma sociedade buscar corrigir a conduta dos seus cidadãos a partir de uma perspectiva educacional, principalmente em se tratando de adolescentes;

6. O critério de fixação da maioridade penal é social, cultural e político, sendo expressão da forma como uma sociedade lida com os conflitos e questões que caracterizam a juventude; implica a eleição de uma lógica que pode ser repressiva ou educativa. Os psicólogos sabem que a repressão não é uma forma adequada de conduta para a constituição de sujeitos sadios. Reduzir a idade penal reduz a igualdade social e não a violência - ameaça, não previne, e punição não corrige;

7. As decisões da sociedade, em todos os âmbitos, não devem jamais desviar a atenção, daqueles que nela vivem, das causas reais de seus problemas. Uma das causas da violência está na imensa desigualdade social e, conseqüentemente, nas péssimas condições de vida a que estão submetidos alguns cidadãos. O debate sobre a redução da maioridade penal é um recorte dos problemas sociais brasileiros que reduz e simplifica a questão;

8. A violência não é solucionada pela culpabilização e pela punição, antes pela ação nas instâncias psíquicas, sociais, políticas e econômicas que a produzem. Agir punindo e sem se preocupar em revelar os mecanismos produtores e mantenedores de violência tem como um de seus efeitos principais aumentar a violência;

9. Reduzir a maioridade penal é tratar o efeito, não a causa. É encarcerar mais cedo a população pobre jovem, apostando que ela não tem outro destino ou possibilidade;

10. Reduzir a maioridade penal isenta o Estado do compromisso com a construção de políticas educativas e de atenção para com a juventude. Nossa posição é de reforço a políticas públicas que tenham uma adolescência sadia como meta.

Fonte: Portal Psicologia On-line (http://www.pol.org.br/noticias/materia.cfm?id=821&materia=1225)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Vamos de filosofia...

Hoje vou colocar apenas frases, curtas sim, porém profundas ou se preferir profundas, porém curtas. Começando com um texto um tanto prático, mas que nos leva a uma reflexão profunda: sabemos amar?

"Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade."
I Jo 3:18


Uma outra frase também pequena e prática, mas que entretanto expressa um fato muito interessante.

"Pensamento e palavra - Nem sequer os nossos pensamentos podemos traduziz totalmente em palavras."
NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência, Aforisma 244

E pra terminar:

"Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada!"
Sigismund Schlomo Freud

sábado, 20 de outubro de 2007

Meus primeiros textos.

Texto 001

As crianças verdadeiramente pobres

As crianças verdadeiramente pobres, às vezes, nascem em palácios, Crescem cercadas de nobreza e fausto, dispõem sempre de escravos a lhes acudir. Mas passam pela infância sem ter quem lhes ensine a carícia da palavra, a ternura do olhar. sabem enxergar, mas não aprenderam a ver. Por isso desconfiam da beleza e tratam como estranho o encantamento. Ninguém jamais abre-lhes os olhos que Deus colocou na ponta de seus dedos. Ninguém em toda vida ensina-lhes a discriminar pelo olfato, descobrir pelo paladar. Vivem entre pessoas que julgam inútil alguém ensinar-lhes: A carícia da palavra, A emoção aprisionada no movimento, A magia fenomenal do pensamento, A construção desafiadora de um dilúvio de emoções.
As crianças verdadeiramente pobres, às vezes, nascem em palácios, Crescem entre pessoas que jamais despertam suas inteligências para A graça incomensurável dos números, A identificação ilimitada do espaço, A percepção fascinante do tempo, A fantasia dos mitos e viagens inesquecíveis pelo devaneio, Os segredos da semente, a sabedoria das árvores.
As crianças verdadeiramente pobres às vezes nascem em palácios, Passam pela vida como nuvens claras, tornam-se adolescentes e adultos que desconhecem tudo Do encanto das tempestades, Da infinita beleza contida na fúria do mar, Da singela e magnífica violência do vento, Da ternura travessa escondida na dança das labaredas. As crianças verdadeiramente pobres muitas vezes ganham tudo, mas, se soubessem se tornar milionárias, trocariam a soberba e enganosa riqueza do ter pela palavra carinhosa da mãe, pela mão na cabeça com infinita ternura de uma verdadeira professora.

Celso Antunes no Livro A Teoria das Inteligências Criadoras


Texto 002

Oséias Capítulo 11:1-4

1 Quando Israel era menino, eu o amei, e do Egito chamei a meu filho.
2 Quanto mais eu os chamava, tanto mais se afastavam de mim; sacrificavam aos baalins, e queimavam incenso às imagens esculpidas.
3 Todavia, eu ensinei aos de Efraim a andar; tomei-os nos meus braços; mas não entendiam que eu os curava.
4 Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor; e fui para eles como os que tiram o jugo de sobre as suas queixadas, e me inclinei para lhes dar de comer.

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Espero que gostem dos textos.